O dia amanheceu cinzento e chuvoso, de tal forma que a força do vento quase impediu a viagem da visita de estudo ao Museu de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. Batiam as dez horas da manhã quando a turma do 6.º ano entrou no Museu, em fila indiana. A Bernardete, o Nuno, a Clarisse e o João olharam admirados para as carruagens do século XIX que os faziam imaginar os tempos antigos onde as donzelas da ilha tinham passeado pelos campos.
No Museu havia imensos corredores e muitas salas onde era fácil perderem-se. Por falar em perder-se, a Bernardete, o Nuno, a Clarisse e o João, amigos de sempre, encontraram-se numa grande aventura onde só os quatro foram protagonistas. O João, que era filho de pescador, viu um enorme barco muito antigo onde havia pedras preciosas e muito ouro. Curioso como era, foi logo espreitar, deixando os colegas de turma e a professora para trás. Só os seus amigos o seguiram prontamente, escapando também à vigilância da professora Gertrudes.
O barco era magnífico mas assustador, na sala pobremente iluminada apenas com algumas velas negras. Para surpresa e espanto dos nossos amiguinhos, as velas começaram a flutuar. A Clarisse, a mais assustada do grupo, começou a correr. Os amigos começaram a chamá-la. Ela olhou para trás mas não ligou aos seus apelos. De seguida, olhou para a frente e passou por um fantasma, guardião do tesouro do barco.
- Vocês viram aquilo? – perguntou o Nuno, pálido de medo.
- Olha o medricas! – troçou o corajoso João. – Eu não acredito em fantasmas, isto é pura ilusão!
A Bernardete, assustada, disse:
- Não sei se vocês se lembram mas hoje é o Dia das Bruxas, o dia em que os fantasmas se juntam para assustar os mortais…
- É lá Dia das Bruxas!... Só um palerma acredita nesse dia. – disse o João Matulão.
Nesse instante um barulho sucedeu.
- O que foi isto? - perguntou a Bernardete assustadíssima.
- Booooooooooooo! Eu sou o Fantasma Protagonista do Museu e vocês entraram em terreno proibido!
- Terreno proibido? Mas estamos num museu público! – exclamou o João, com os seus amigos escondidos atrás de si.
- É terreno proibido porque ninguém pode entrar nesta sala. Os espíritos maléficos estão a observar-vos a todo o momento. – respondeu o fantasma. Mas, surpreendido, o fantasma lembrou-se: - Ai, ai, desculpem, mas é que acabei de me lembrar que uns espíritos estão a jantar e outros estão no cabeleireiro de reparações a cortar as asas.
- Cortar as asas? -perguntou o Nuno.
- Sim, foi o que eu disse. - respondeu o fantasma.
- Mas cortar a asas para quê? - perguntou a Bernardete.
- Eles têm que cortar as asas para voarem melhor.
De repente, os nossos amigos ouviram um barulho parecido com uma porta a bater.
- O que f…f…oi isto? - perguntou a assustadíssima Bernardete.
- Devem ser os vampiros a fechar os seus caixões. - respondeu o fantasma, a rir-se do jeito da Bernardete.
- Vampiros no museu? - perguntou o João.
- Sim, no Dia das Bruxas eles aparecem com mais frequência, para vos sugarem o sangue todo. Ah, ah, ah! - ecoou a voz do fantasma.
- Não sei o que é que vocês pensam mas eu… eu vou fugir daqui. Vemo-nos no outro mundo. Adeeeeuuuuussss! - disse a Bernardete enquanto fugia dos vampiros. -Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Socorro!
PUM! A Bernardete encontrou a Clarisse que fugia de outro fantasma.
- Amiga, estás a salvo! Graças a Deus! - acalmou a Bernardete.
- A salvo, eu?? Eu estou a fugir de um fantasma, como é que posso estar a salvo? – perguntou a Clarisse assustada.
- Ohhhh! Estás a fugir de um fantasma? Há pouco encontrei-me com um mas agora fujo de um vampiro que nos suga o sangue todo. É horrível! - disse a Bernardete.
- Sim, mas onde estão o João e o Nuno? - perguntou a Clarisse preocupada.
- O João e o Nuno ficaram para trás com o Fantasma. - respondeu a Bernardete.
- Boooooooooooooo! Booooooooooooo! Boooooooooooooooo! Eu sou o Fantasma-Rei. - anunciou um fantasma que por ali apareceu.
- Rei, rei, ah, ah, então se és rei, por que é que não tens uma coroa? - perguntou a Clarisse, assustada mas ao mesmo tempo atrevida e curiosa.
- Não tenho coroa neste momento porque ela está na lavandaria a ser limpa.
De repente, entrou o João em grande correria, perseguido por um vampiro que queria sugar-lhe o sangue.
- Ahhhhhhhhh! – gritava o João, mais pálido que nunca.
O vampiro aproximava-se do seu pescoço, quando de repente…
- João, filho, acorda! Está na hora de ir para a escola!
- Aiiii! Ah, és tu, mãe!? Tudo não passou de um pesadelo.
Uma história de Maria e Carla